Menina de dois anos passou a noite ao lado da mãe morta em acidente

“Ela estava em pé apoiada entre os bancos. Foi um momento de muita emoção, principalmente, porque ela passou o dia e a noite toda no carro com a mãe morta“.

O relato é do capitão do Corpo de Bombeiros Militar de Maravilha, no Oeste de Santa Catarina, Diogo Battaglin, que participou do resgate da bebê de 2 anos, achada dentro de um carro ao lado da mãe morta, na manhã desta sexta-feira (27).

A menina foi socorrida com um corte na cabeça, escoriações pelo corpo e sinais de hipotermia e desidratação. Quando viu os bombeiros, ela imediatamente se jogou nos braços do socorrista.

A mãe, Carolina Nadir Weizenmann, de 30 anos, caiu com o carro em córrego após um acidente de trânsito. O local fica a menos de 100 metros do quartel do Corpo de Bombeiros Militar.

Carolina desceu cerca de 90 metros de um potreiro até cair no córrego. Porém, nenhum sinal do acidente era visível a quem passava pelo local. O carro ficou entre árvores e não era possível vê-lo da rua. O acidente ocorreu na manhã desta quinta-feira (26), mas a menina foi resgatada apenas nesta sexta-feira pela manhã.

“Ninguém viu que esse carro estava lá. Ela passou por várias árvores e postes, até que caiu no barranco e no córrego. É intrigante porque não ficaram marcas no gramado e nem mesmo na cerca que ela passou por cima. Isso é estranho porque seria fácil de ver que tinha algo errado de tivesse alguma alteração no gramado”, observou o capitão.

Mulher tinha histórico de convulsão

O local em que o carro parou era de difícil acesso e os bombeiros apenas verificaram que a mulher não tinha mais os sinais vitais. Segundo o Samu, Carolina tinha histórico de convulsão, que provoca movimentos desordenados. Geralmente é acompanhada pela perda da consciência. No entanto, as causas da morte ainda serão investigadas pelas polícias Civil e Científica.

Battaglin tem 38 anos e há 16 faz parte da corporação do Corpo de Bombeiros Militar. Ele conta que nunca havia atendido uma ocorrência semelhante. “Foi bem chocante. Sou pai, tenho um menino da mesma idade dessa menina. Além disso, ficamos nos sentindo impotentes de saber que ela estava do nosso lado e passou o dia e a noite ali e que deve ter chorado. É difícil”, acrescenta.Local em que o carro passou não tinha marcas. – Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação/ND

Local em que o carro passou não tinha marcas. – Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação/ND

A menina foi levada ao Hospital São José, em Maravilha. Ao ND+, a assessoria de imprensa da unidade informou que a criança está bem, passou por exames médicos, como tomografia e raio-x, e aguarda o resultado. “Ela está falando,  acompanhada do pai e da avó”, afirmou a comunicação.

O que se sabe do acidente?

Carolina havia deixado o marido no trabalho na manhã de quinta-feira, por volta das 7 horas, e desde então desapareceu com a filha. Buscas por elas foram mobilizadas por familiares e amigos.

Já no início da manhã desta sexta-feira, funcionários de uma universidade próxima ouviram uma notícia do desaparecimento e foram até o quartel dos bombeiros repassar uma informação.

“Ontem, alguém da universidade viu um carro descer o barranco ao lado. Hoje de manhã ouviram a notícia do desaparecimento da família e assimilaram que poderia ser elas. Quando foram olhar acharam o carro”,  detalhou o sargento Weschenfelder.

Ainda segundo o sargento, o automóvel saiu da estrada e andou por quase 200 metros em um potreiro antes de cair no córrego. “Ela passou entre duas árvores e não bateu em nenhuma. Seguiu em direção ao rio e lá embaixo tem muitas árvores que poderia ter atingido, mas também não bateu”, comentou o bombeiro.

“Dedicada e responsável”

Carolina trabalhava há um ano e um mês em uma escola no município. De acordo com nota da Secretaria Municipal de Educação, Carolina atuava como servente de serviços gerais no Centro de Educação Infantil Criança Feliz, na área central do município. As aulas foram mantidas na instituição nesta sexta-feira.

“Uma partida precoce de uma mulher, mãe e profissional dedicada, responsável e deixará saudade em todos os colegas de trabalho e

nas crianças”, diz o texto.Caroline tinha 30 anos – Foto: Reprodução/Facebook/ND

Caroline tinha 30 anos – Foto: Reprodução/Facebook/ND

Em uma rede social, a mãe de um aluno que estuda na creche escreveu um texto lamentando a morte da profissional e agradecendo pelos cuidados com as crianças da unidade de ensino. “Fiquei feliz em saber que meu filho estaria na escolinha onde você trabalhava, eu sabia que ele seria olhado e cuidado por você”, escreveu.

ND

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