sáb, 8 nov 2025, 18:00:18

Oeste do Estado teve três tornados na sexta-feira, segundo a Defesa Civil

Na tarde de sexta-feira (07/11), análises de radar e evidências em campo confirmaram três tornados no Oeste de Santa Catarina (Dionísio Cerqueira, Xanxerê e Faxinal dos Guedes), causando danos extensos em estruturas, vegetação e veículos em quatro municípios. O evento foi gerado pela passagem de uma frente fria e formação de ciclone extratropical, conforme previsto pela SDC/SC através de avisos emitidos desde o início da semana. No Extremo Sul do estado, chuvas intensas acumularam até 124mm em 12 horas em Jacinto Machado e Tubarão. Esta nota apresenta análise técnica detalhada com dados de radar meteorológico, documentação fotográfica dos impactos e contexto meteorológico do evento.

Conforme previsto pela Secretaria da Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina, nesta sexta-feira (07), a atuação de uma frente fria e o processo de formação de um ciclone extratropical no oceano favoreceram o desenvolvimento de temporais e tempestades severas em diversas regiões do estado.

A região mais afetada foi o Oeste catarinense, onde se formaram diversas tempestades severas – caracterizadas por apresentarem rajadas de vento superiores a 80 km/h e/ou granizo de tamanho significativo. Esse tipo de instabilidade é capaz de produzir extensos danos na sua trajetória. Na Figura 1, pode-se observar imagens das ocorrências geradas pelas intensas rajadas de vento em Xanxerê, Faxinal dos Guedes, Itapiranga e Dionísio Cerqueira.

Na região de Dionísio Cerqueira (Figura 2), Xanxerê (Figura 03) e de Faxinal dos Guedes (Figura 04), as imagens dos estragos cedidas pelos Coordenadores Regionais de Defesa Civil de ambas regiões mostram danos na vegetação, com muitas árvores tombadas em diferentes sentidos, outras decepadas ao lado de intactas, estruturas e telhados parcialmente destruídos, um ônibus danificado e um tombado. Essas características dos estragos — danos mais estreitos e convergentes —  combinadas às assinaturas observadas no radar meteorológico de Chapecó (Figuras inseridas no tópico: Análise Meteorológica ) indicam a ocorrência de três tornados: um na região de Dionísio Cerqueira, outro na região de Xanxerê e outro na região de Faxinal dos Guedes. O tornado costuma apresentar curta duração, mas é responsável por causar ventos que podem ultrapassar os 100 km/h. 

ANÁLISE METEOROLÓGICA

Desde o começo da semana, a Secretaria da Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina vem avisando sobre a passagem de uma frente fria e o processo de formação do ciclone extratropical em alto mar (Figura 05). 

Além dos avisos previamente emitidos nos dias anteriores, também foram enviados alertas momentos antes das tempestades, para o Whatsapp, SMS e através da ferramenta Cell Broadcast (Figura 06), informando a população sobre os riscos e recomendações. 

Os campos de refletividade (Figuras 07) mostram a presença de valores bastante elevados na região de Dionísio Cerqueira, indicando chuva intensa.

O campo de velocidade radial (Figura 08) mostra a presença de rotação no sistema, característica de tempestades severas, sinalizada pela presença de dipolos de ventos (ventos em direções opostas próximas entre si).

A variável de correlação (RhoHV) é muito utilizada para identificar a presença de alvos não-meteorológicos, que eventualmente possam estar sendo arremessados na atmosfera, em decorrência dos ventos muito fortes próximo da superfície. Valores próximos a 1.0 indicam chuva normal (gotas d’água uniformes), enquanto valores abaixo de 0.90 revelam a presença de alvos não-meteorológicos detritos, poeira, fragmentos de estruturas — que são arremessados na atmosfera durante tornados.

A Figura 09 mostra a diminuição característica do RhoHV na região de Dionísio Cerqueira, coincidindo com as áreas de rotação identificadas na análise de velocidade radial. Essa “assinatura de detritos” é um dos principais critérios para confirmação de tornados.

Na região de Xanxerê e de Faxinal dos Guedes, os eventos foram bastante semelhantes. Através da refletividade (Figura 10), é possível observar intensas tempestades se aproximando de ambas regiões. Os campos de velocidade radial (Figura 11)  indicam regiões com dipolos dos ventos, indicando rotação. Analisando o RhoHV (Figura 12), também é possível observar valores negativos, indicando objetos não meteorológicos sendo arremessados. 

CHUVA VOLUMOSA NO LITORAL SUL

No Extremo Sul de Santa Catarina a condição foi diferente do Oeste. Não foram registradas tempestades severas, mas sim chuvas intensas, que resultaram em volumes elevados em um curto período de tempo. De acordo com as estações meteorológicas da SDC/SC, AGR, EPAGRI e Cemaden, em apenas 12 horas foram registrados 124mm em Jacinto Machado e Tubarão, seguidos por 110mm em Sombrio, 108mm em Morro Grande, 98mm em Araranguá e cerca de 90 mm em Balneário Gaivota e Praia Grande. Com isso, o volume de chuva em 12h na região do Litoral Sul ficou próximo ao esperado para todo o mês de novembro, onde a média climatológica varia entre 140 e 200mm.

Devido aos volumes registrados, foram registrados extravasamento em rios menores,  causando bloqueio em vias, como nos municípios de Morro da Fumaça, Meleiro e Turvo. Além de alagamentos pontuais na região, devido ao alto volume de chuva registrado.

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