Com pandemia, país perde 8,9 milhões de vagas em apenas um trimestre

Com empresas fechadas por conta da pandemia, encontrar um emprego pode ficar ainda mais difícil

A pandemia de Covid-19 fez com que 8,9 milhões de empregos fossem perdidos no país durante o segundo trimestre deste ano, período mais crítico da doença, na comparação com os três primeiros meses do ano. Os dados são da Pnad Contínua, divulgada nesta quinta-feira pelo IBGE.

A queda é a maior na série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. No primeiro trimestre, 92,2 milhões de brasileiros estavam ocupados, número reduzido drasticamente entre abril e junho. Hoje o país tem 83,3 milhões de ocupados.

Os dados indicam que todos os setores da economia foram impactados pela perda de emprego. O comércio foi o mais atingido, com mais de 2,1 milhões de pessoas perdendo vagas no mercado de trabalho no segundo trimestre.

Na construção, 1,1 milhão deixaram de trabalhar em obras e reparos. Outra queda considerável foi de serviços domésticos, com 1,3 milhão de pessoas demitidas no período.

Segundo a pesquisa, os profissionais informais foram mais atingidos pela pandemia. Dos 8,9 milhões que perderam o emprego no período, 6 milhões eram de informais. Isso significa que de cada 3 trabalhadores que deixou a ocupação, 2 eram informais.

Segundo a pesquisa, 2,9 milhões de pessoas com carteira assinada perderam o emprego. Hoje o país tem o menor contingente de pessoas com carteira desde 2012, quando começou a série da Pnad Contínua.

– Essa queda na ocupação está bem disseminada por todas as formas de inserção, seja o trabalhador formalizado, seja o não formalizado – analisa Adriana Beringuy, pesquisadora do IBGE.

Os efeitos ainda não são sentidos por completo na taxa de desemprego, de 13,3% para o periodo. Pela metodologia do IBGE, é considerado desempregado apenas quem efetivamente procura emprego e não acha.

Quem desiste ou suspende a busca no período coberto pela pesquisa, não entra na estatística. São mais de 12,8 milhões de desocupados nessas condições.

Economistas afirmam que a alta do desemprego deve ser uma tendência nas próximas semanas. Indicadores como a taxa de isolamento estão caindo a cada dia, enquanto dados de mobilidade urbana apresentam elevação.

À medida que o distanciamento social é flexibilizado, mais pessoas tendem a procurar emprego, mas não encontrarão pelo baixo dinamismo da economia. Com isso, o mercado de trabalho fica mais pressionado.

Outros fatores como a diminuição do medo de contágio e o fim do auxílio emergencial e do seguro-desemprego também podem acelerar a alta nos próximos meses.  Com a única fonte de renda de muitas famílias ficando escassa, a tendência é que mais pessoas saiam de casa na busca por uma vaga.

Atualmente, mais da metade da população em idade de trabalhar está sem ocupação.

Globo

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