O Inter conduz mais uma entre tantas medidas de contenção de despesas para enfrentar a crise financeira dos dia sem jogos por conta da pandemia do coronavírus. A diretoria negocia com outros clubes o adiamento de pagamentos pendente referentes a contratações para o decorrer de 2020. O inverso também ocorre: o clube também tem valores a receber.
Uma das pendências é a segunda parcela da multa rescisória de Eduardo Coudet ao Racing, da Argentina. O pagamento está previsto para o mês de julho, mas a direção negocia com o clube argentino para alterar esse prazo. O valor acertado foi de US$ 300 mil (cerca de R$ 1,6 milhão pela cotação atual) em duas prestações. A primeira já foi quitada.
Com recursos financeiros escassos antes mesmo da paralisação do futebol, a diretoria fez investimentos em apenas três negociações neste ano: Boschilia, Marcos Guilherme e Moisés. Todas com valores parcelados “a perder de vista”, como costumam dizer os dirigentes nos bastidores.
A negociação por Boschilia foi a mais demorada e se estendeu por dois meses. O clube acertou a compra de 20% dos direitos econômicos do atleta do Mônaco. Caso ele atinja algumas metas pré-estabelecidas, o Inter terá de adquirir mais 10% dos direitos. Há opção de ampliar o percentual em mais 40%.
Marcos Guilherme também chegou ao clube de forma definitiva, com contrato até o fim de 2022. No caso de Moisés, o clube acertou a compra de 15% dos direitos econômicos por R$ 2,2 milhões na contratação por empréstimo até o fim de 2021.
Na contramão, a diretoria também é procurada por outros clubes para renegociar o recebimento de valores de negociações realizadas desde o ano passado. O consenso nos bastidores colorados é de que ninguém tem fluxo de caixa para quitar débitos de imediato.
Recentemente, o Inter liberou o atacante Gustavo para acertar com o Jeonbuk Motors, da Coreia do Sul. O clube receberá US$ 450 mil (cerca de R$ 2,4 milhões) no negócio. Desse valor, R$ 1,5 milhão será destinado ao Corinthians pela compra de 15% dos direitos do atleta. O lucro aproximado é de R$ 900 mil.
Nesta semana, a diretoria deve fechar a venda de Erik ao Al Ain, dos Emirados Árabes. O acordo foi fechado por US$ 750 mil (R$ 4 milhões), e o clube manterá 50% dos direitos do lateral-esquerdo, de olho em uma negociação futura.
– Toda a parte financeira que o clube tem de compromissos está sendo conduzida pelo Conselho de Gestão e pela área financeira. Temos trabalhado. Óbvio que auxiliamos, temos relações estabelecidas, mas é uma lógica em geral do clube. Nós temos créditos a receber e também somos procurados por clubes nos colocando situações. São situações que o clube trata de forma geral para que possa ir negociando caso a caso – afirma o vice de futebol Alessandro Barcellos ao GloboEsporte.com.
Com dificuldades no fluxo de caixa, o Inter definiu um planejamento estratégico para enfrentar a crise. O clube entrou em acordo com os atletas para postergar o pagamento de direitos de imagem para janeiro de 2021 e depois reduziu os vencimentos em 25% durante o período sem jogos. Ainda, assim, houve atraso no pagamento de salários do mês de maio.
Antes, o Inter já havia extinguido o time B para reduzir custos. O plano de contenção de gastos atinge todas as esferas do clube. Além de repactuar acordos com credores e fornecedores, a diretoria demitiu 44 funcionários – nenhum deles do futebol. A diretoria também recorreu à linha de crédito da CBF.
Não à toa. O Inter registrou um déficit de R$ 51 milhões apenas nos primeiros quatro meses do ano. Destes, R$ 16 milhões, só em abril, o primeiro mês sob efeitos da pandemia. A queda de receitas é de R$ 20 milhões em comparação com o mesmo período no ano passado.
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