Com virada história, Inter se classifica na Sul-Americana

Era preciso uma façanha do Inter. Ganhar por três gols de um dos gigantes chilenos depois de ter perdido a ida por 2 a 0 não era qualquer missão. Necessitava da remontada, a palavra espanhola que entrou no vocabulário gaúcho nos últimos dias. Para piorar, levou um gol cedo. Mas quando time, comissão técnica, direção e torcida se unem, os milagres podem ocorrer. Em uma virada épica no Beira-Rio, o Colorado venceu o Colo-Colo por 4 a 1, gols de Alan Patrick, Edenilson, Alemão e Pedro Henrique. 

O resultado classificou o time para as quartas de final da Copa Sul-Americana. O adversário sairá de Melgar-PER ou Deporitivo Cali-COL.

Confira a tabela da Sul-Americana

Depois de preservar os jogadores contra o Ceará, Mano Menezes devolveu força máxima ao time. Bustos, recuperado de lesão muscular, voltou à lateral direita. A zaga teve Vitão e Mercado. Na esquerda, Moisés completou seu 100º jogo com a camisa colorada. O meio-campo contou com Gabriel, Edenilson, Alan Patrick e De Pena, também de volta. Pedro Henrique começou o jogo como atacante pela direita e Alemão foi o centroavante.

O Inter tentou aproveitar a empolgação das arquibancadas e buscou, na base da força, fazer um gol já no início. Aos três minutos, Alemão saiu dividindo com os zagueiros adversários e forçando um deles a assustar o próprio goleiro, ao chutar para trás e ceder escanteio.

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Mas ao mesmo tempo em que havia pressão, tinha também tensão. O Colo-Colo, matreiro, sabia administrar o cenário. E, aos 12 minutos, ganhou um presente. Um bate-rebate fez a bola escapar e sobrar em direção ao ataque dos chilenos. A cobertura falhou, Daniel saiu do gol e Lucero caiu após o choque com o goleiro colorado. O árbitro marcou pênalti. Aos 15, Costa cobrou forte e abriu o placar.

O Inter levou oito minutos para conseguir, enfim, dar uma resposta em chute a gol. Pedro Henrique cruzou da direita, Alan Patrick ajeitou de letra e De Pena chutou dividindo com o goleiro, que salvou duas vezes, ao pegar o rebote.

Não faltava dedicação aos jogadores. Os problemas eram de ordem técnica e até psicológica. Mas tanto não era raça a carência que o Inter chegou ao empate graças a ela. Bustos passou para o meio, onde estava Pedro Henrique. Ele não dominou, mas brigou com o zagueiro e conseguiu fazer a bola chegar até Alan Patrick. Com calma e lucidez, o camisa 10 deixou tudo igual, aos 28.

O gol explodiu o estádio, que voltou a acreditar. E três minutos depois, teve mais razão para isso. A jogada foi trabalhada no meio-campo e se apresentou para Moisés. O lateral encheu o pé, a zaga desviou e Edenilson apareceu livre, para, de pé esquerdo, virar o jogo.

Mano teve um problema aos 38, quando Alan Patrick não aguentou. Sentindo dores, deu lugar a Taison.

O último lance do primeiro tempo foi também a oportunidade final. Moisés pegou a bola cortada por De Pena e ajeitou, enquadrou o corpo e arriscou, de fora da área e de perna direita. O chute saiu à esquerda da trave.

A equipe voltou com outra modificação do vestiário. Vitão saiu, entrou Moledo. O zagueiro, que foi um dos mais aplaudidos no anúncio da escalação antes da partida, ajudou a manter o som das arquibancadas lá em cima no começo da segunda etapa.

O terceiro gol não saiu aos três minutos por detalhe. Ou precipitação. Moisés arrancou pelo meio, passou para Pedro Henrique. O atacante girou e bateu. A bola passou a centímetros da trave. Bustos ficou desesperado, porque entrava sozinho a seu lado.

No nono minuto, os dois times estiveram perto do gol adversário. O Colo-Colo foi em um chute de Solari, do lado direito, que passou por cima da trave. Imediatamente, Taison fez uma grande jogada, a dribles, e viu Pedro Henrique entrando. O passe foi um pouquinho mais forte do que o atacante poderia alcançar.

Novamente, os chilenos assustaram. Aos 12, Costa cruzou e Lucero cabeceou. Daniel fez grande defesa. Mas o lance foi anulado por impedimento. Novamente, Taison respondeu. De Pena roubou a bola na entrada da área e virou para o camisa 7. Ele arrumou e bateu. Cortés espalmou para escanteio.

A cobrança foi inteligente. Edenilson bateu rápido, com o Colo-Colo ainda dormindo, se arrumando. Alemão, de coxa, empurrou para a rede: 3 a 1, 15 minutos.

Dedicado, o centroavante não aguentou mais aos 23. Depois de disputar bola com os defensores, a cãibra pegou. Alemão foi substituído por David.

A pressão era total, e o milagre da remontada cada vez mais real. E ela veio com o jogador mais dedicado em campo. Eram 29 minutos. Bustos achou um passe na paralela para Pedro Henrique, em velocidade. O atacante levou, conduziu e teve calma para bater cruzado, vencer o goleiro e, definitivamente, decretar uma festa insana no Beira-Rio. Que vibrou duas vezes: no gol e depois na confirmação do VAR.

Foi a última ação da dupla, aliás. Pedro Henrique e Bustos, exaustos, deram lugar a Kaique Rocha (Mercado foi para a lateral) e Maurício. 

Com mais segurança defensiva, o Inter soube segurar as tentativas do Colo-Colo. Soube, na experiência e na qualidade, avançar às quartas de final. O sonho do bi da Sul-Americana permanece. E agora, com uma vitória épica para incluir na caminhada.

Gaúcha/ZH

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