Santa Catarina enfrenta desafios críticos em sua infraestrutura rodoviária, apontados como prioritários pela Federação das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado de Santa Catarina (Fetrancesc). O presidente da entidade, Dagnor Schneider, destacou os esforços para pressionar governos estaduais e federais a investir em melhorias nas rodovias catarinenses, essenciais para o escoamento de produção e segurança no trânsito.
Infraestrutura insuficiente e malha rodoviária reduzida
Santa Catarina possui apenas 6,6% de sua malha viária pavimentada, o que corresponde a cerca de 7 mil quilômetros, bem abaixo da média nacional de 12,2%. Em comparação, o Paraná, estado vizinho, possui 19,6 mil quilômetros pavimentados, com uma proporção de 9 quilômetros pavimentados para cada 100 quilômetros quadrados de território, enquanto Santa Catarina tem apenas 7. Além disso, a densidade de veículos em relação à malha pavimentada é quase o dobro em Santa Catarina: 880 veículos por quilômetro, contra 400 no Paraná.
Esses números refletem diretamente na fluidez do tráfego e nos índices de acidentes e congestionamentos. “Infelizmente, Santa Catarina possui uma das piores condições de conservação de rodovias, sejam estaduais ou federais”, afirmou a liderança da Fetrancesc, reconhecendo que investimentos recentes, como o programa Estrada Boa, trouxeram avanços, mas ainda estão aquém das necessidades.
Duplicação da BR-282 e outros projetos prioritários
A BR-282, que atravessa o estado de leste a oeste, é um dos principais focos da Fetrancesc. A entidade acompanha o desenvolvimento de projetos para sua duplicação, que cobrirá mais de 600 quilômetros entre Palhoça e São Miguel do Oeste. A previsão é de que os projetos sejam concluídos em dois anos, mas a execução das obras ainda dependerá de mobilização política e recursos significativos.
Um trecho crítico da rodovia, conhecido como Trevão do Irani, é considerado prioritário devido ao intenso fluxo de veículos pesados. A duplicação nesse ponto é vista como essencial para melhorar a logística e a segurança na região.
Outras rodovias, como a BR-153, também demandam atenção urgente. O pavimento dessa rodovia está em condições críticas, com ondulações e rachaduras que tornam o tráfego perigoso. A Fetrancesc tem pressionado os superintendentes regionais do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) de Santa Catarina e Paraná para acelerar as obras de recuperação.
Sociedade e poder público: a necessidade de maior engajamento
Apesar dos esforços, a Fetrancesc acredita que a falta de mobilização de agentes públicos e da sociedade civil organizada é um dos principais entraves para resolver os problemas de infraestrutura. “Santa Catarina entrega muito à federação, é líder em diversos indicadores econômicos, mas sofre com uma defasagem gigantesca em infraestrutura”, destacou Dagnor.
A solução, segundo a Schneider, passa por uma articulação mais efetiva entre governos, entidades empresariais e sociedade civil. “Precisamos cobrar mais, apontar falhas e trabalhar juntos para garantir que os investimentos necessários sejam realizados”, concluiu.
BR-101: outro gargalo em debate
Além das rodovias estaduais e federais internas, a BR-101 também preocupa. A rodovia, que concentra 68% da economia do estado e conecta os principais portos catarinenses, tornou-se uma via urbana em muitos trechos, comprometendo sua eficiência logística. A Fetrancesc defende a criação de uma rodovia paralela para aliviar o tráfego e garantir a previsibilidade dos deslocamentos.
O cenário crítico das rodovias catarinenses reforça a necessidade de ações conjuntas e urgentes para transformar a infraestrutura em um motor de desenvolvimento para o estado. (Rádio Rural)
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