Frio exige cuidados especiais com animais, alerta Conselho Regional de Medicina Veterinária

Aos animais que vivem ao ar livre, deverão ser oferecidos meios de proteção para as mesmas intempéries.

Segundo a previsão do tempo da Epagri/Ciram, Santa Catarina deve registrar a partir desta quarta-feira, 28, uma chegada da massa de ar polar que pode ser a mais forte do inverno de 2021 e talvez a maior onda de frio desde 1955. “Os animais dependem de nós e a nossa criatividade poderá ajudá-los a suportar esse período extremo. Uso de papelão, jornal e tecidos são úteis na construção de barreiras para os recintos de animais. Qualquer sinal de sofrimento animal ou dúvidas sobre como se preparar para o frio, os proprietários e criadores devem procurar um médico-veterinário ou um zootecnista”, alerta o assessor técnico do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Santa Catarina (CRMV/SC), Médico-Veterinário Paulo Zunino.

É fundamental proteger os animais que vivem nas residências do vento, da chuva e das temperaturas extremamente baixas. Aos que vivem ao ar livre, deverão ser oferecidos meios de proteção para as mesmas intempéries.

Pets

O médico-veterinário Luiz Afonso Erthal, tesoureiro do CRMV/SC, que atua há mais de 20 anos na área clínica e cirúrgica de pequenos animais explica que alguns cuidados são fundamentais. “Evite passear com seu pet nestes dias em que as temperaturas serão mais baixas, principalmente com filhotes e os mais idosos porque eles sentem mais frio que os demais. Procure também aumentar atividades e brincadeiras dentro de casa com o intuito de mantê-lo aquecido”, ensina.

Pets que moram do lado de fora, merecem atenção especial. Se possível, posicione o abrigo em locais sem vento, para evitar casos de hipotermia, ou seja, queda de temperatura corporal. Roupinhas são bem-vindas.

Aves

Atenção principalmente no que diz respeito ao aquecimento do aviário. O produtor deve proporcionar condições de conforto ambiental ideais às aves jovens. Na fase adulta, mesmo que tenham melhores condições de enfrentar o frio, demandam mais energia para se aquecer e consequentemente precisam de mais alimentos. Se este alimento não estiver em quantidade suficiente ou em qualidade inferior, quanto às exigências das aves, pode haver reflexos negativos no bem-estar e consequentemente na produção.

Suínos

Todas as estratégias de manutenção do seu conforto térmico desde a adoção de equipamentos mais sofisticadas, como alternativas mais simples, como o uso de cortinas nas instalações e cama de maravalha/cepilho nas baias, evitando-se o uso de água para lavar as baias, exceto nos horários mais quentes do dia, são altamente recomendáveis. Atenção ao comportamento dos leitões dentro dos escamoteadores ou nas baias: eles demonstram sinais facilmente visíveis, como tremores e amontoamento uns sobre os outros, quando a temperatura está inadequada.

Equinos

Os equinos preferem camas de palha, e procuram abrigo construído só em casos de chuva e vento, caso contrário, preferem ficar no campo. Como comem uma grande variedade de tipos de verde disponíveis nas pastagens, na ausência desta, pode ser oferecido volumoso em forma de fenação. O importante é alimentar bem o animal, sendo que uma dica para aumentar a energia na dieta, sem ser sob a forma de glicose ou amido, é por meio da adição de gorduras. Os potros merecem atenção especial por serem mais susceptíveis a baixas temperaturas. A tosa não deve ser feita para nenhuma categoria no inverno e, caso haja animais que já foram tosados, estes devem usar uma capa que protegerá muito bem o animal.

Gado

Especialmente animais jovens ou mal nutridos devem ser protegidos do frio. Como estratégias devem ser deixados em locais secos e ao abrigo de vento, como em áreas com árvores. Caso haja danos em pastagens cultivadas, especialmente aveia, estratégias alimentares com suplementação com silagem, feno ou pré-secados são recomendadas.

Piscicultura

Água com temperaturas abaixo de 13°C, por mais de três dias, pode afetar peixes como as tilápias, causando estresses, enfermidades e até mortalidade. Assim, as recomendações são: não renovar água dos viveiros quando a temperatura da água de abastecimento, externa, for inferior à temperatura ambiente de cultivo; não manejar os animais (biometria, povoamento, transferência), evitando possíveis estresses; suspender alimentação e fertilização durante período de frio.

Apicultura

Nos apiários, o frio intenso pode provocar o resfriamento do ninho e até morte de larvas. Os apicultores devem evitar abrir as caixas, pois há perda de calor e muito gasto de energia e alimento para elevar a temperatura às condições adequadas novamente. Caso a colmeia esteja com melgueira ou sobreninho é recomendado o uso de “poncho” para evitar a perda de calor nos períodos de temperaturas extremas.

Peixes de aquário

Os peixes também precisam de uma atenção especial durante o inverno. Com termostatos e aquecedores é possível manter a temperatura da água sempre estável, contribuindo com o bem-estar e saúde desses animais. Ao lidar com espécies de peixes marinhos como o peixe palhaço como o Nemo e cirurgiões como a Dori a queda na temperatura favorece doenças.

Silvestres

O médico-veterinário Rafael Sales Pagani, membro da Comissão Técnica de Animais Silvestres do CRMV-SC fala também sobre os cuidados com animais que não são tão comuns. “A chegada de novas frentes frias no país exige muita atenção e estratégias para garantir a saúde e qualidade de vida dos animais selvagens e pets exóticos mantidos sob cuidados humanos, como papagaios, calopsitas, curiós, iguanas ou jabutis”, finaliza.

O ambiente onde os animais são alojados deve ofertar possibilidades de escolha onde o animal possa buscar abrigo contra as variações climáticas, sejam eles répteis, aves, anfíbios ou mamíferos. Outro ponto usual é um incremento calórico na dieta em período de inverno, onde o gasto energético é maior para manter a temperatura corporal.

Não tão raros são os pinguins, que encalham no litoral catarinense nessa época do ano e estão debilitados e hipotérmicos. “Eles devem ser protegidos de vento e chuva em caixas de papelão com toalhas até o resgate. Jamais coloque gelo ou tente devolvê-los para a água e contate o PMP-BS através do telefone 0800 642 3341!”, ensina a médica-veterinária Marzia Antonelli, também da Comissão de Animais Silvestres.

RCN

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