Morre aos 90 anos o fundador das Lojas Colombo

Bom de pescaria e bom de conversa, Adelino Colombo conhecia, como poucos, a arte de fisgar o cliente. Fundador das Lojas Colombo, quinta maior rede de eletrodomésticos do país, o empresário gaúcho iniciou fortuna vendendo televisores de porta em porta em Caxias do Sul. O empresário morreu por volta das 11h40min desta sexta-feira (15), aos 90 anos. Ele estava internado no Hospital São Francisco, no complexo da Santa Casa, em Porto Alegre. Deixa a esposa, Ruth Colombo, quatro filhos, 10 netos e dois bisnetos. 

Nascido em Nova Milano, em 1930, guiado pela intuição e pelo talento para os negócios, fundou a Lojas Colombo há 61 anos, na cidade de Farroupilha (RS). Hoje, a maior rede de eletromóveis do Sul e a 10ª do país, com 305 lojas e mais de 4 mil funcionários. Seu Adelino, como era carinhosamente chamado, trabalhou até seus últimos dias, comparecendo a compromissos, como presidente do Conselho Administrativo da empresa. No cargo de vice-presidente, está o seu neto, Eduardo Colombo, que foi preparado pelo avô desde criança para liderar. A Lojas Colombo funde-se com a biografia de Adelino Colombo, que, na vida privada gostava também de caçar, viajar e dos almoços de domingo, quando reunia a família.

Adelino Colombo sempre atribuiu ao relacionamento próximo com colaboradores o principal marco de sua trajetória de sucesso e empreendedorismo. Quando questionado sobre seu legado, certa vez, declarou: “Cresceu na vida através do próprio esforço, cumpriu todos os seus compromissos e respeitou as pessoas”.

Com persistência, construiu o Grupo Colombo, composto pelas lojas de eletromóveis e pelas empresas Crediare; ColomboCred, especializada em empréstimos; Colombo Motors; Colombo Consórcios; Colombo Casa Pet; Feirão de Móveis; e a Colombo Tech, desenvolvedora de soluções de software para varejo em nível nacional. Participou ativamente de entidades associativas e do Rotary Internacional.

Nascido em uma família de agricultores, Adelino construiu, em cinco décadas, um império de faturamento bilionário.

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Criado como armazém que vendia produtos a granel no final da década de 1950, a Colombo deu um salto com a chegada do aparelho televisor no Rio Grande do Sul. Copiando a estratégia que viu funcionar, Adelino visitava as casas dos clientes e pedia para “testar a qualidade da imagem do aparelho” na esperança de conquistar o freguês com a novidade recém chegada do centro do país. A artimanha deu certo e, batendo de porta em porta, o comerciante fez fortuna. 

Imprimindo sua personalidade durante as décadas em que esteve no comando da companhia, Adelino expandiu a rede para os Estados vizinhos, Santa Catarina e Paraná. Em 1999, em uma tentativa de nacionalizar a marca, instalou-se no interior paulista, onde a Colombo chegou ter 65 lojas. Chegou a ser a terceira maior cadeia do setor ao avançar em São Paulo e Minas Gerais.

O alto custo para anunciar e a competição agressiva do setor obrigaram o empresário a dar um passo atrás em 2012, e as unidades paulistas acabaram vendidas para a rede paulista Cybelar.

Apesar de todos os desafios, nunca pensou em pendurar as chuteiras. Dizia não ter temperamento para ser aposentado.

“Alergia” impedia procura por sócios

Enquanto os grandes concorrentes varejistas corriam à bolsa em busca de capital para expandir os negócios, o empresário gaúcho sempre insistiu em crescer com as próprias pernas. O motivo da recusa em abrir o capital da empresa para investidores, era bastante peculiar: Adelino dizia ter verdadeira “coceira” a sócios. Fazia questão de seguir sozinho para “não ter que dar explicação para ninguém”.

Líder na região sul do país, a Colombo se tornou uma marca bastante cobiçada no mercado varejista. Parcerias com as mexicanas Coppel e Elektra chegaram a ser desenhadas, mas ambas redes desistiram depois da insistência do gaúcho em continuar como sócio majoritário na sociedade. As propostas mais recentes Adelino garantia nem escutar.

Em entrevista concedida a Zero Hora em julho de 2014, o empresário afirmou que sua intenção era capacitar os descendentes para se tornarem acionistas da empresa e que esperava que a Colombo não saísse das mãos da família. “Sempre falo para os meus filhos: a empresa é a vaca, não queiram comê-la. Vamos nos contentar com o leite”.

Gaúcha/ZH

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