Operação no Jacarezinho deixa 15 mortos; passageiros são feridos no metrô

A Polícia Civil realiza hoje uma operação contra o tráfico que atua na comunidade do Jacarezinho, na zona norte do Rio. Ao menos 14 suspeitos e um policial morreram na ação, de acordo com a polícia. Outros dois policiais foram feridos na perna e de raspão no braço. Até o começo da tarde havia confronto na região e o clima é de tensão.

Dois passageiros ficaram levemente feridos ao serem atingidos dentro de uma composição do metrô na região da estação Triagem —a favela fica próxima à linha férrea dos trens. Uma das ações mais letais da polícia do Rio, ela acontece após o STF (Supremo Tribunal Federal) restringir operações durante a pandemia e menos de uma semana da posse definitiva do governador Cláudio Castro (PSC) após o impeachment de Wilson Witzel (PSC).
A concessionária do Metrô informou que um passageiro foi baleado de raspão no braço e outro foi atingido por estilhaços de vidro.
Os feridos foram identificados como Humberto Duarte, 20, levado para o Souza Aguiar, e Raphael Silva, 33, socorrido no Hospital Salgado Filho. Segundo as unidades, Duarte tem estado de saúde estável, enquanto Silva saiu da unidade mesmo sem alta médica.

A Operação Exceptis é coordenada pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e foi deflagrada a partir de denúncias de que criminosos estão expulsando moradores de suas casas. O grupo seria responsável também pelo assassinato de moradores e pelo sumiço dos corpos. Segundo a Polícia Civil, as famílias não conseguem nem mesmo enterrar os parentes.

De acordo ainda com as denúncias, a organização criminosa atua ainda no sequestro de trens da Supervia, roubos a transeuntes e roubo de cargas. Vinte e um criminosos foram identificados como os “responsáveis por garantir o domínio territorial da região com utilização de armas de fogo”, informou a Polícia Civil.
Durante a ação, o Globocop da TV Globo mostrou criminosos pulando de laje em laje e invadindo casas de moradores para tentar fugir da polícia.

Uma moradora da comunidade, que não terá o nome divulgado por motivo de segurança, disse que o clima ainda é tenso na comunidade:
“São muito policiais entrando aqui no Jacarezinho. São muitos. É desesperador. São grupos com mais de dez espalhados. Tem blindado, tem helicóptero, teve tiro, teve bomba. Ninguém consegue sair para trabalhar. Dá muito medo”.

Segundo a polícia, o policial morto durante a operação foi identificado como André Leonardo de Mello Frias e era da Dcod (Delegacia de Combate as Drogas). Os outros dois policiais que foram feridos atuam da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) e na Dcod.

Em nota, a Secretaria Estadual de Polícia Civil disse que “se solidariza com amigos e familiares, e sente muito a dor pela morte do inspetor que teve uma trajetória ilibada na instituição, sendo admirado e respeitado por todos. Ele honrou a profissão que amava e deixará saudade. Mas também deixa o sentimento de que o trabalho não pode parar”.

A região do Jacarezinho é considerada um dos quartéis-generais do CV (Comando Vermelho). “Em razão da dificuldade de se operar no terreno, por conta das barricadas e das táticas de guerrilha realizadas pelos marginais, o local abriga uma quantidade relevante de armamentos, que seriam utilizados nas retomadas de territórios perdidos para facções rivais ou para se reforçar de possíveis investidas policiais”, explicou a polícia.

Devido ao confronto na região, o metrô chegou a interromper a circulação do transporte na região. Às 7h40 as viagens estavam regularizadas. Já a SuperVia, concessionária responsável pelos trens, informou que suspendeu a circulação entre as estações Central dodo Brasil e Belford Roxo e também para Gramacho.

Uma dentista que trabalha na zona norte do Rio e passa todos os dias pela estação de trem de Triagem contou que desmarcou todos os pacientes que estavam agendados para hoje. Ela não foi trabalhar com medo de passar na região.
“Eu passo por lá todos os dias. Hoje de manhã quando vi o que estava acontecendo, fiquei com muito medo e desmarquei todos os meus pacientes. Fiquei assustada e optei por me preservar, pois naquelas condições qualquer um está correndo risco”, disse a dentista, que não quis se identificar.

Fonte: UOL

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