Quem eram os viajantes Jesse Koz e o cão Shurastey?

Jesse e Shurastey dorante viagem pelos EUA. Foto divulgação redes sociais

Uma história que tomou as redes sociais e comoveu catarinenses e brasileiros. Um sonho, um Fusca e um melhor amigo de quatro patas para acompanhá-lo. Jesse Koz, dono do projeto “Shurastey or Shuraigow?”, que morreu nesta segunda-feira, 23, em um acidente de trânsito nos Estados Unidos, tinha uma coleção de histórias para contar. Aos 29 anos, o jovem morador de Santa Catarina estava muito próximo do Alasca, destino de uma viagem que começou há cinco anos, com a parceria do seu cão Shurastey.

O acidente

Jesse morreu em um acidente de trânsito nos Estados Unidos. Conforme o jornal Mail Tribune, Jesse estava em uma rodovia na cidade de Grants Pass, no Estado de Oregon, quando teria invadido a pista contrária ao desviar do trânsito lento e batido de frente contra um carro. Ele e o cão morreram. O outro motorista ficou ferido.

Nas redes sociais, a tia de Jesse confirmou as mortes: “Nossos viajantes nos deixaram”, lamentou. Informações sobre o velório ainda não foram divulgadas, já que a família está resolvendo as burocracias necessárias para que os corpos sejam trazidos ao Brasil.

Como tudo começou?

Jesse estava insatisfeito com a vida que levava em 2017, quando era vendedor em um shopping e estudante de Educação Física em Balneário Camboriú. Decidiu fazer algo para si mesmo e “chutar o pau da barraca”. Ou melhor, conseguir uma barraca. Vendeu o pouco que tinha (um micro-ondas, videogame, televisão e motocicleta), comprou um Fusca 1978, pegou o cachorro de 2 anos e meio e caiu no mundo com R$ 10 mil na conta.

Jesse durante a viagem ao lado do seu fusca. Foto divulgação redes sociais

O Fusca foi batizado de Dodongo, uma referência a um jogo que gostava quando criança. O nome do cachorro e do projeto veio de uma adaptação inspirada na música “Should I Stay or Should I Go” (traduzido do inglês Devo Ficar ou Devo Ir), sucesso da banda The Clash, da qual Jesse gostava muito.

Inspirado em um grupo de mochileiros no Facebook, o então jovem desempregado viu que era possível viajar com pouco. A liberdade que tanto sonhava parecia mais real. O coração vibrou, como escreveu Jesse na internet, e ele deixou o país.

Sem muitos planos, primeiro chegou ao Ushuaia, na Argentina. “Eu não tinha feito nada tão extraordinário na minha vida e ter chegado e vencido todas as dificuldades, principalmente dos últimos 220 quilômetros debaixo de neve e com gelo na pista, foi incrível”, contou à época.

Shurastey

Foi no Ushuaia que Jesse soube de um outro aventureiro que havia chegado ao Alasca de Kombi. Mais uma vez o coração disparou. O curitibano quis fazer o mesmo. Percebeu que o sucesso da página que havia criado no Instagram para mostrar a viagem poderia dar retorno financeiro. E assim aconteceu. Com vendas de produtos no site e ações publicitárias nas redes sociais, conseguiu o dinheiro para subir as Américas.

Primeiro fez o Brasil de ponta a ponta. Depois, uma aventura latino-americana. Durante as viagens, muitos perrengues. Mas nenhum tirou a vontade de Jesse de seguir, nem as burocracias para entrar nos países de carro e com um cachorro e muito menos os momentos em que o Fusca estragava.

Shurastey, que chegou à vida do tutor em 2016, era o melhor parceiro possível, descrevia Jesse. Adorava entrar na água, seja em rios, cachoeiras ou praias. Às vezes, dormia na barraca, mas geralmente ficava fora do carro. Sempre juntos, não havia tempo ruim para os dois. “Se estivesse sem ele, talvez eu não tivesse começado”, revelou.

Jesse e Shurastey, amigos inseparáveis. Foto divulgação redes sociais

Ser feliz e livre

Em 2020, a pandemia obrigou uma pausa no trajeto para o Alasca. Depois de meses esperando que a fronteira no México reabrisse, Jesse voltou ao país de origem. Neste ano, retomou as aventuras em direção ao Alasca. Nesta semana, entraria no Canadá para em breve chegar ao último destino.

Mas a colisão frontal trouxe um ponto final inesperado e triste à história.

Jesse queria se sentir livre e mostrar aos outros que é possível viver intensamente com pouco. Conseguiu. Deixa boas lembranças em todos que conheceu. Nas redes sociais, anônimos e famosos lamentam a perda trágica. É como se um amigo querido tivesse partido.

NSC

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