SC tem mais de 3 mil casos de Covid-19 em frigoríficos

Santa Catarina tem 3.132 casos de coronavírus entre trabalhadores de frigorifico, segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT). Nesta semana, pela primeira vez desde o início da pandemia, o órgão foi informado pelo Estado sobre o número exato de pessoas contaminadas neste setor.

Os dados da Vigilância Sanitárias apresentados ao Projeto Nacional de Frigoríficos do MPT apontam que há casos confirmados de Covid-19 em 31 plantas catarinenses. Além dos 3.132 trabalhadores com diagnóstico confirmado, há outros 2.399 com suspeita da doença.

Nos locais de produção onde os equipamentos inviabilizam a distância mínima é montada também uma estrutura  entre os trabalhadores — Foto: BRF/Reprodução

Em todo estado, há mais de 49 mil pessoas diagnosticadas com coronavírus, incluindo 588 pessoas que morreram pela doença desde o início da pandemia, segundo o governo estadual.

Ainda segundo os números informados pelo Estado ao MPT, mais de 3 mil funcionários foram afastados por serem do grupo de risco. Esse número incluí indígenas e gestantes de risco, que a portaria federal, por exemplo não prevê afastamento.

Mais de 11 mil casos na região Sul

Ainda segundo o MPT, em toda região Sul do país são mais de 11 mil casos confirmados entre trabalhadores de frigoríficos, sendo 6.201 casos em 39 plantas no Rio Grande do Sul, onde cinco morreram pela doença, e 1884 diagnosticados no Paraná, em 34 plantas.

O G1 mostrou que até semana passada o Ministério Público do Trabalho não sabia exatamente quantos casos de coronavírus havia entre os trabalhadores do setor em Santa Catarina, mesmo já tendo solicitado ao Estado. As próprias empresas e entidades representativas da área, assim como algumas prefeituras onde há plantas e a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina foram procuradas pela reportagem, mas nenhum deles informou quantos casos havia.

No início desta semana os dados foram enviados ao projeto nacional, que é coordenador pelo procurador do trabalho em Santa Catarina Sandro Eduardo. Uma procuradora do Rio Grande do Sul e outro do Paraná também estão na coordenação. Os dados foram encaminhados pelas Vigilância sanitárias de cada estado ao projeto nacional e a expectativa, agora, é que os dados sejam atualizados mensalmente.

Situação em Santa Catarina

Há uma semana uma reunião definiu que em Santa Catarina os estabelecimentos frigoríficos de bovinos, suínos e aves devem continuar seguindo as medidas de proteção contra o coronavírus estabelecidas pela portaria estadual 312. O Estado chegou a estudar a possibilidade de adaptações na portaria, mas, por fim, ela foi mantida integralmente.

O setor queria que uma portaria federal, publicada após a catarinense, fosse seguida também no estado para garantir segurança jurídica, especialmente às plantas nacionais, segundo Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Por outro lado, o MPT apontava para o maior risco aos trabalhadores cado vigorasse a portaria federal, que não tão rigorosa quanto ao distanciamento, uso de equipamentos de proteção individual e no afastamento dos funcionários.

Santa Catarina é o maior produtor de suínos e mesmo com a pandemia, as exportações da carne suína tiveram aumento de 38% no faturamento no 1º semestre de 2020. Santa Catarina é ainda o segundo maior produtor de aves no Brasil.

De acordo com a ABPA, o setor tem um número considerável de trabalhadores com Covid-19 por ser um dos que mais testam, mas o MPT contrapõe dizendo que a preocupação existe também pelo local de trabalho que é propício à ventilação, com umidade e pouca ventilação.

Os frigoríficos empregam mais de 50 mil pessoas diretamente no estado. Se contabilizados os trabalhadores diretos e indiretos, como transporte, são 480 mil.

O MPT tem cobrado que os frigoríficos sigam a portaria na tentativa de garantir segurança à saúde dos trabalhadores, como distanciamento no ambiente de trabalho, no transporte até os frigoríficos, no uso de EPI e nos afastamento dos trabalhadores. Os casos confirmados ou suspeitos de Covid-19 também são notificados às autoridades sanitárias.

Alguns termos de ajustamento de conduta foram firmados e vem sendo cumpridos, segundo o MPT. Segundo a ABPA informou ao G1, todas as medidas estão sendo seguidas pelos estabelecimentos.

Mesmo sem mortes registradas entre esses trabalhadores, o MPT segue preocupado e acompanhando a situação nos frigoríficos.

Entre as preocupações está os imigrantes, muitos trabalham em plantas do Oeste catarinense e moram em situação de vulnerabilidade. Em uma das plantas imigrantes testaram positivo para coronavírus, entre eles haitianos, venezuelanos e senegaleses.

G1

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