Três bebês aguardam leitos de UTI em Chapecó

O problema da falta de leitos segue em Chapecó. Três bebês aguardam leitos de UTI neonatal no HRO (Hospital Regional do Oeste), neste sábado (2). A informação é do boletim diário de ocupação do hospital.

UTI neonatal está lotada e pacientes aguardam leitos – Foto: Felipe Kreush/ND

O HRO conta com 10 leitos de UTI neonatal e todos estão ocupados. O mesmo ocorre com os cinco leitos de UTI pediátrica e os 20 de UTI adulto, que estão com 100% de ocupação, segundo a unidade hospital. Onze pacientes estão em ventilação mecânica fora da UTI.  

Nas últimas 24 horas, o HRO realizou 149 atendimentos no pronto-socorro. Estão internados 294 pacientes no hospital e nas últimas horas foram cinco internações de ortopedia. Nas últimas 24 horas foram realizados nove partos e cesáreas.

Já no Hospital da Criança Augusta Müller Bohner foram realizados 178 atendimentos nas últimas horas e o total de internados é de 23 crianças.

Médicos pedem demissão em massa

A situação do HRO é ainda mais preocupante porque seis médicos pediatras entregaram a carta de demissão ao hospital. Os profissionais seguem trabalhando apenas até o dia 20 de agosto.

O motivo da demissão, segundo os profissionais, é o atraso nos salários e a defasagem de profissionais para atender a demanda do hospital, que já ultrapassou o limite.

Há 7 anos a médica Caroline Pritsch, coordenadora da UTI Pediátrica do HRO, deu os primeiros passos para fazer com que a UTI pediátrica em Chapecó se tornasse uma realidade. Um trabalho de anos, para que hoje as crianças de 1 mês a 14 anos tivessem um atendimento de qualidade.Seis médicos que atuam na UTI pediátrica pediram demissão no HRO. – Foto: Roberto Carlos Bortolanza/NDTV Chapecó

Caroline começou sozinha e com o decorrer dos anos montou uma equipe de especialistas que ajudou a mudar a mortalidade dos pacientes pediátricos da região. Hoje, o HRO conta com oito especialistas na área e o número ainda é pequeno mediante a alta demanda. Porém, a médica ressalta a dificuldade em encontrar profissionais que queiram compor a equipe.

“Para formar um intensivista são cinco anos após a formação em medicina. São três anos de pediatria e dois anos de UTI pediátrica. Infelizmente, a pediatria sofreu uma grande desvalorização nos últimos anos. Os alunos não querem mais fazer pediatria, então está cada vez mais difícil encontrar profissionais nessa área para atuar conosco”, explica.

A médica destaca que a situação piora no HRO — administrado pela Associação Hospital Lenoir Vargas Ferreira — que há três meses não paga os salários dos profissionais. A situação se tornou insustentável para os especialistas.

O problema, de acordo com os profissionais, é que além dos salários atrasados, eles também estão com o valor do salário defasado. Hospitais particulares da região Oeste de Santa Catarina e outros hospitais públicos do Rio Grande do Sul e do Paraná pagam 30% a mais do que o valor que os médicos do HRO recebem.

“Já faz um ano e meio que os atrasos de salário estão cada vez mais frequentes. Tivemos que procurar trabalho em outros lugares para sobreviver. Com isso, ficamos muito sobrecarregados e para que nós não precisássemos tomar a decisão de sair, é necessário mais profissionais”, pontua a coordenadora da UTI pediátrica.

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