Homem que matou cunhada em Descanso será julgado em Chapecó

Quase dois anos após a morte da jovem Mauricéia Estraich, com 22 anos na época, o autor confesso do crime será julgado no Fórum da Comarca de Chapecó, no Oeste de Santa Catarina. O crime ocorreu em Descanso, no Extremo-Oeste de Santa Catarina, cerca de 130 quilômetros de distância de Chapecó.

Jovem foi encontrada morta dentro da casa que morava com o companheiro – Foto: Marcos de Lima/Portal Peperi/Montagem/ND

O Poder Judiciário de Santa Catarina acatou o pedido de desaforamento, feito pela defesa do réu, para o júri do homem que ateou fogo na casa onde o irmão e a cunhada moravam, em Descanso. Mauricéia morreu no incêndio e o corpo foi encontrado carbonizado.

A decisão do PJSC designou a comarca de Chapecó para realização da sessão de julgamento, agendada para o dia 3 de março deste ano, mês em que o crime completa dois anos. O júri inicia às 8h, no fórum da comarca de Chapecó.

O acusado responde por homicídio qualificado por motivo fútil, emprego de fogo, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e, ainda, feminicídio. Agora, o processo segue tramitando em sigilo na 2ª Vara Criminal de Chapecó, cuja equipe será responsável pela organização e execução do júri.

Relembre o caso

Mauriceia morava com o companheiro, mas estava sozinha no imóvel quando o fogo iniciou, na madrugada do dia 28 de março de 2021, conforme apurado pela investigação. A casa de madeira de aproximadamente 60 m² pertencia ao pai dela, Ermindo Antônio Estraich.

Ainda no dia do incêndio, a polícia ouviu sete pessoas próximas de Mauriceia. O principal suspeito era o cunhado de Mauriceia, um jovem de 24 anos, que confessou o crime. “Ele confessou, parcialmente, a prática do crime mediante a presença de um advogado”, disse o delegado responsável pela investigação, Cléverson Luis Müller, na época do crime.

Conforme o delegado, o jovem disse que sabia que Mauriceia estava sozinha em casa no dia do crime e decidiu ir até lá. “Bateu na porta, foi atendido por ela e a segurou com as mãos no pescoço, evitando que ela gritasse. Na sequência, aplicou dois golpes ‘mata-leão’, o que fez com que ela caísse ao chão”, relatou.

Müller informou que o suspeito disse que acreditou que a cunhada já estivesse morta e ateou fogo nela e na casa. Ele ainda teria alegado que estava sob efeito de drogas. “Ele não definiu nenhum motivo para a prática, não soube explicar a razão que o motivou a fazer aquilo”.

Porém, as investigações apontaram que a principal motivação do crime foi o fato do cunhado de Mauriceia ter ficado sem lugar para morar. “A família do companheiro dela iria morar por um período na casa do casal, mas Mauriceia não aceitou que o cunhado fosse porque em outros momentos teria ‘dado em cima’ dela. Esse motivo fútil que resultou na morte dela”, relatou o delegado.

Gasolina deu início ao incêndio

A investigação identificou que o incêndio começou às 5h54 da manhã do domingo, dia 28 de março, e que o cunhado de Mauriceia teve condições de chegar na casa 20 minutos antes.

A perícia feita na casa revelou que o foco inicial do incêndio foi justamente o local em que Mauriceia foi encontrada morta, próximo a uma porta de acesso à garagem.

“Exames laboratoriais demonstraram e comprovaram que foi usado gasolina. O suspeito não confirmou o uso do combustível, mas acreditamos que essa versão busca apenas o afastamento de algumas qualificadoras do crime”, reforçou o delegado.

Vizinhos não escutaram gritos ou pedidos de socorro e o jovem teria utilizado de dissimulação para que ela abrisse a porta sem causar barulho. “Em razão do seu porte físico e sua rápida ação, ele também utilizou do recurso que dificultou a defesa dela. Por fim, pelo grau de parentesco foi indiciado pelo feminicídio, com a qualificadora pelo uso do fogo”, pontuou o delegado.

O companheiro de Mauriceia, conforme a investigação, não teve nenhuma participação no crime. Ele estava com o irmão antes da morte dela, por isso o suspeito sabia que a vítima estaria sozinha em casa. (ND)

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