Neto visita local do acidente Chapecoense: ‘tenho muitas recordações’

Hélio Zampier Neto, o Neto da Chapecoense, um dos seis sobreviventes do acidente aéreo que matou 71 pessoas, entre jogadores e dirigentes do futebol, profissionais da imprensa e convidados, visitou na quarta-feira, 1º, a montanha onde o avião caiu há cinco anos, em Cerro Gordo, agora chamado Cerro Chapecoense, na Colômbia.

Sobrevivente da tragédia da Chapecoense visita local da tragédia em 2016 — Foto: Reprodução/M1

Neto plantou árvores em homenagem às 71 pessoas que morreram na noite de 29 de novembro de 2016. “Eu precisava voltar aqui depois de cinco anos, pois tenho muitas recordações dos meus companheiros”, explicou.

O ex-atleta falou que voltar desta vez foi muito diferente. “É um lugar que me traz lembranças dos meus companheiros, de um momento difícil onde talvez tenha sido a última vez que eu olhei para eles. Mas é um momento de retomada da vida”, disse.

Foram plantadas 71 arvores no local. “A árvore cresce e dá frutos, assim foram meus companheiros que deram frutos e cresceram e seus frutos permanecem aqui ainda, são familiares, filhos, esposa, pai e mãe”, comentou.

Acompanhado de seu empresário, Neto caminhou ao lado de um pedaço da fuselagem do avião que permanece no local, posou para fotos com o dono da fazenda onde estão os destroços e com outros moradores.  Um minuto de silêncio foi observado no local para as vítimas.

“Fico feliz em ver Hélio, porque isso é um milagre, cair de um avião, cair e sobreviver a essas pessoas é um milagre de Deus”, disse Arquímedes Mejía, ex-comandante do Corpo de Bombeiros de La Unión.

“A justiça não foi cumprida, estamos lutando, há muitas famílias que continuam lutando até hoje”, disse Neto, acrescentando que “não foi só culpa do piloto, outros foram os culpados durante a tragédia.”

Símbolo de fé

Enquanto estava internado, em 2016, a Bíblia que Neto havia ganhado da esposa, foi encontrada pelo jornalista Roberto Cabrini, em meio aos destroços do avião. Foi devolvida para Simone, que afirmou emocionada: “é o primeiro item da mala dele.” Quando foi achada, a Bíblia estava aberta no Salmo 63, conhecido como a “Oração contra o inimigo” ou “Anseio da alma por Deus”.

Neto sempre leva uma Bíblia junto nas viagens, como nesta semana que está na Europa. Foto: Hélio Zampier – Foto: Hélio Zampier/Arquivo Pessoal/SBT/Reprodução/ND

Hoje, ela está guardada na casa da família. “Ficou como uma relíquia para nós, não manuseamos mais porque ela pegou muita chuva após a queda do avião. Mas está bem guardada”, conta o ex-zagueiro.

Cinco anos depois, a relação com a fé continua intensa na vida de Hélio Zampier Neto. Ao ND+, por vídeo chamada, o ex-atleta revelou que continua carregando uma Bíblia na bagagem.

“Ela continua sendo o primeiro item da mala. Sempre encontro uma palavra de conforto ou também uma palavra para me confrontar e me fazer ser melhor. Ela também auxilia na tarefa de repassarmos a importância da fé aos nossos filhos, sem forçar nada, apenas com exemplos”, conta. Logo depois, recebemos uma foto de Neto com a Bíblia em mãos.

Neto prestou depoimento na CPI sobre a situação das vítimas e familiares do acidente da Chapecoense — Foto: Jane de Araújo/Agência Senado/ND

O zagueiro esperou em torno de oito horas e foi o último a ser socorrido. Ficou 12 dias em coma, em um hospital da Colômbia, e precisou recuperar-se de diversas fraturas. Cinco anos depois, tornou-se um porta-voz dos direitos das famílias das vítimas da tragédia, ainda lida com as críticas do mundo do esporte como superintendente de futebol da Chapecoense, e continua levando sua Bíblia em todas as viagens.

ND+

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