Pesquisa do CEJA, em Seara, revela a relação dos alunos com a pandemia

Gestora do CEJA, Rejane Buth Heemann

Dentro do universo educacional, além da grade curricular tradicional do programa ensino-aprendizagem, trabalhar a realidade e contextualizar é o ponto-chave para absorção do conhecimento.

Neste momento atípico, de pandemia mundial, o Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA), de Seara, que reúne grande diversidade de estudantes com idades entre 15 e 65 anos, brasileiros e imigrantes de diferentes países, aproveitou o cenário atual para desenvolver um projeto sobre o novo coronavírus.
A gerente regional do CEJA, Rejane Buth Heemann, relata que há vasta gama de eixos referente ao assunto para explorar. “Trabalhamos outras pandemias que já ocorreram, o surgimento da Covid-19, até a chegada dele no Brasil. Promovemos palestras online com a psicóloga Josiane Savoldi Bressan, orientando como lidar com questões emocionais como medo, pânico e ansiedade, em tempos de pandemia”.
Num segundo momento, conforme Rejane, “cada professor, dentro de sua área de atuação, escolheu um ponto para trabalhar o projeto para não ficar tão cansativo para o aluno. Eles faziam relatórios com a nota valendo para todas as disciplinas”. Justificou que “ao final do semestre percebemos que no começo eles sentiam entusiasmo neste modelo de educação a distância, agora estão cansando”.
Após a conclusão do projeto, a instituição realizou uma pesquisa virtual com os estudantes para saber como estava a situação da Covid entre eles e suas casas, mas sem obrigatoriedade de participação. Dos 113 alunos matriculados na unidade searaense, somente 60 responderam aos 15 questionamentos. Deste montante, 55% dos que responderam eram do sexo masculino e 45% feminino. Dentre os principais questionamentos feitos, se o aluno e familiares estavam respeitando as orientações da quarentena. A maioria, 90%, afirmou que assim, enquanto 8,3% respondeu que parcialmente e o restante não. Na questão referente à ocorrência de sintomas da doença neles ou nos familiares, 83,3% afirmaram que não, enquanto 16,7% tiveram alguma manifestação do novo vírus.
Complementando a pergunta anterior, de registro de sintomas da Covid, (26,7%), procurou atendimento médico para avaliação e tratamento, e 5% não procurou a unidade de saúde para exame. Sobre a positivação de casos da doença, 18,3% contraíram o vírus ou algum familiar foi infectado. Dentre os que confirmaram, 15,3%, respondeu que o contágio atingiu somente uma pessoa. Sobre a convivência com pessoas consideradas grupo de risco, 60% informou que não, enquanto 15% disse que convive com apenas uma pessoa inclusa nessa classificação e 18,3% com no máximo duas pessoas na faixa de risco.
A gerente avaliou positivamente a pesquisa. Justificou que “foi importante para conhecermos a realidade das famílias. Pela pesquisa também soubemos que a maioria das famílias não se contaminou com o vírus, mas, infelizmente, mesmo as que tiveram sintomas acabam não procurando atendimento nas unidades de saúde”.

Acesso às novas tecnologias e retorno às aulas presenciais

Outra parte da pesquisa realizada com os estudantes do CEJA de Seara abordou o acesso às novas tecnologias de comunicação.
Na primeira abordagem, 93,3% afirmou que utiliza a ferramenta através de celular. Uma restrita parcela dos que responderam utilizam também notebooks, tablets ou computadores de mesa.
Referente à necessidade de compartilhamento do equipamento tecnológico, 66,7% usa com exclusividade, enquanto que 26,7% precisa dividir o acesso com algum familiar. Sobre a qualidade de acesso à internet, 50% respondeu que é boa. Apenas 25% garantiu que tem uma rede com qualidade superior de acesso. 21,7% assinalou a opção regular. O restante tem qualidade ruim de acesso.
Referente à qualidade do ensino a distância desenvolvido neste período, 41,7% classifica como ótima e 46,7% como boa. No desenvolvimento das atividades, a pergunta era referente à ajuda para realização das tarefas. A maioria precisou de auxílio do professor (42,4%); 39% informou que não precisou de auxílio. Dezessete por cento pediu ajuda a um colega ou familiar. Em relação ao retorno das aulas presenciais, o período que consideram mais apropriado para voltar, 45% apontou o mês de agosto, 23,3% em setembro, enquanto que 31,7% não acha prudente retornar às salas de aula neste ano.
Pelas respostas, Rejane relata que é possível medir a segurança para o retorno das atividades presenciais. “As pessoas com mais idade estão mais preocupadas com a situação, enquanto os jovens não”.

Produção: Jornal Folhasete

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